sexta-feira, dezembro 16, 2005

Omnibus é Paratodos

Ok, ok, como já disse o Max, a classe média odeia "coletivos", prefere o seu carro preferido desde 78, um chevette 78! Mas, tão certo quanto o último kieber do Abertura ser frio pra dedéu é toda vez que chove canivete o seu calhambeque gostar tanto da Leitão da Silva alagada que resolve ficar por lá, boiando, parecendo caiaque desgovernado.

Daí você, distinto cidadão sonegador de impostos atrasado pra reunião, vai pegar o busão. Se tiver sorte, pega o verdinho, com aquela cadeira macia que te ensina como uma dor de hérnia de disco atua no ser humano. Só que nesse a tortura acaba logo. Aventura mesmo, "com emoção", radical, é no amarelinho, que não é pinto mas cheira tão mal quanto o bichinho depois de um banho de lama. E você, já que a mamãe disse que é corajoso (ou corajosa, perdão), topa a brincadeira:

De cara, percebe que o cobrador parece que veio do Banco Central, até porque quem mais ia cobrar R$ 1,55326 por uma passagem? Parece que o valor saiu de uma manchete no estilo "Taxa Selic permanece em 18,735994%". Das duas uma: ou o senhor (ou senhorita, perdão) rouba o cofrinho do seu sobrinho pra pegar as moedinhas de 1 centavo ou ele rouba a sua carteira depois pra preencher o porquinho com todas as 125 moedas que você recebeu de troco. Sim, você notou o sorriso sacana do fídumaégua do cobrador, mas preferiu ficar na sua porque aventureiro tu és, mas também é franzino (ou franzina, perdão) o suficiente pra não entrar na briga com o bigodudo.

Daí, mais dois quarteirões, entra aquela turminha da oitava série dum colégio qualquer que você, polidamente, xingara pelas próximas semanas toda vez que ver um guri de uniforme. Eles, com toda aquela delicadeza de lobo guará com fome, vão espremendo você em pé (sentado? pirou o cabeção? você está num transcol, ficar sentado "não te pertence mais"!). Ah, e vais ficar pensando, durante o resto da viagem, como algumas formas primitivas de tortura seriam bem aplicáveis naquela fauna de pequenas araras no cio.

Mas ainda tem chão, mermão do busão. E entra um sujeito (desocupado) depois da malhação. Só não avisaram pra ele que o corpo costuma feder depois de muita atividade física. Então você fica entre a proximidade de 5 cm do sovaco fedorento dele e aquele lugar que vagou ao lado da tia gordona que tá te olhando com cara de "vou te devorar, crocodila eu sou!". É, melhor ficar do lado do fedorento, pelo menos dá pra aguentar...

Quarenta e cinco minutos depois, mareado como na vez que você topou andar de escuna com ressaca só pra impressionar a paquera (que nem vingou, ô raiva!), você perde o ponto e salta dois depois. Fazendo a promessa de que, na próxima, sai com bicicleta e capa de chuva de casa...

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